Na Palma da Mão: Lições para o Coração
Nesta noveleta, você acompanhará a jornada de Susane e Jorge, descobrindo junto com eles formas de lidar com os conflitos internos e externos. Por meio de suas vivências, você poderá refletir sobre como enfrentar e resolver seus próprios desafios.
Sobre o livro
Essa noveleta oferece uma construção cuidadosa e madura de um casal em crise, explorando a complexidade dos sentimentos envolvidos no casamento, na traição e na busca por reconciliação. Os personagens, Jorge e Susane, são profundamente construídos, com personalidades tridimensionais que revelam a fundo suas inseguranças, desejos e contradições. O autor utiliza uma narrativa introspectiva, que lembra o estilo de séries e filmes psicológicos, especialmente em como alterna momentos de reflexão com diálogos diretos e impactantes.
A noveleta é envolvente e provocativa, oferecendo uma experiência de leitura rica e emocionalmente intensa. A maneira como a história lida com temas de traição, autoestima, e a importância da comunicação é cativante e educativa, cumprindo seu propósito de usar a narrativa como ferramenta de reflexão. O estilo e o tom estão de acordo com produções que exploram o lado mais humano e falho dos relacionamentos e funcionam bem como um estudo de caso para cursos e discussões sobre desenvolvimento pessoal e emocional.
A história de Jorge e Susane explora os conflitos internos e externos que emergem na complexidade da vida a dois, mostrando como as emoções e expectativas individuais influenciam o relacionamento. Esta noveleta permite uma compreensão profunda da vida emocional dos personagens, trazendo à tona a complexidade da experiência humana. Ao mesmo tempo, oferece uma metodologia prática de resolução de conflitos, aplicável a situações reais.
Por dentro dA noveletA
Personagens Autênticos
Baseados na experiência clínica do autor
Explorando o Relacionamento a Dois
Como lidar com os desafios e a intimidade em um relacionamento duradouro
Narrativa Envolvente para Reflexão
Uma leitura que estimula pausas para reflexão e autoconhecimento
Aplicação Prática de Conceitos Psicológicos
Métodos terapêuticos apresentados em uma narrativa acessível e envolvente
Capítulo 1: A Espera pelo Recomeço
Jorge acordou com o som do despertador, abafado pelo travesseiro. Esticou o braço para desligá-lo e suspirou antes mesmo de abrir os olhos. Sentia, mais uma vez, que estava saindo de um ciclo de noites breves e manhãs intermináveis, como se cada dia fosse um passo cuidadoso sobre um chão prestes a ruir. Estava cansado, mas o dia começava, e ele não podia se dar ao luxo de parar. Quando olhou para o lado, Susane já estava de pé, sem que ele tivesse notado.
Ela se movia pelo quarto com a rapidez de quem cumpre um protocolo. Vestia o roupão e prendia os cabelos em um coque, enquanto o rosto permanecia fixo na tela do celular, onde passava os vídeos de um lado para o outro, quase de forma mecânica. Jorge percebeu que ela nem sequer o olhara ao se levantar da cama. Ele se apoiou no cotovelo, observando-a por alguns segundos, esperando que ela notasse sua presença. Mas Susane, distraída, apenas ergueu uma sobrancelha ao ver a toalha de rosto que ele deixara fora do lugar e voltou para o celular.
“Deve ser TPM”, pensou, buscando justificar o comportamento distante. Nos últimos tempos, parecia que Susane entrava nesse ciclo de irritação e indiferença com mais frequência, deixando-o com uma sensação de que estava sempre no limite da paciência dela, mesmo sem saber ao certo o que fazia de errado. Ele havia passado a madrugada pensando no trabalho, na dívida do carro, nas contas acumuladas — tudo o que precisava organizar para que, finalmente, ele e Susane pudessem ter a vida confortável e estável que sempre imaginara. “Só mais um tempo para colocar as coisas em ordem, e aí tudo volta ao normal”, repetiu para si, enquanto se forçava a sair da cama.
Enquanto Jorge escovava os dentes, ouviu Susane no quarto ao lado. O telefone ainda nas mãos, a mesma expressão focada na tela e a postura que parecia impenetrável. Ele ainda sentia uma pontada de irritação ao ver o quanto ela estava absorta nas redes sociais, uma coisa que, para ele, nunca passaria de um hábito superficial. Mesmo assim, ele tentava entender. Talvez ela buscasse ali alguma coisa que ele não conseguia oferecer, um senso de novidade, admiração. “Mas tudo bem, é só uma fase”, pensou de novo. Susane, para ele, era a pessoa com quem escolhera passar a vida, e ponto final. Ele sabia que essa escolha, que o casamento, eram compromissos inegociáveis.
Na cozinha, Jorge preparou o café da manhã de ambos, assim como fazia todos os dias, enquanto Susane dava uma última olhada no celular e deixava o quarto. Ele podia sentir a tensão no ar, mas tentou puxar um assunto leve, algo que quebrasse o clima.
— Sabe, recebi um convite para um churrasco no final do mês. O pessoal do escritório estará lá — comentou, enquanto servia o café.
Ela ergueu os olhos do celular, quase surpresa com a tentativa dele de iniciar uma conversa.
— E… você quer ir? — perguntou ela, um tom de descaso que não tentou disfarçar.
— Bom, acho que seria bom sairmos, socializar um pouco, não? Você gosta do pessoal de lá — respondeu, esforçando-se para soar animado.
— Sei lá. Pode ser, né? — Susane deu de ombros, voltando a olhar para a tela do celular e tomando um gole do café como quem cumpre um ritual sem prazer. Jorge disfarçou o incômodo, mas não pôde evitar que uma ponta de frustração surgisse. Parecia que, não importava o que ele fizesse, nada estava à altura das expectativas dela.
Enquanto a observava, recordou-se de um tempo em que ela fazia questão de estar por perto, de comentar sobre os pequenos detalhes do dia. Ele via aquele brilho nos olhos dela, aquele sorriso que agora parecia reservado apenas para as fotos e stories nas redes sociais. Uma lembrança veio à tona: o início do namoro, quando os dois se conheceram na academia. Jorge sempre fora um homem obstinado, e isso parecia atraí-la, assim como a aparência de uma vida em ascensão que ele tentava sustentar. Mas agora, no casamento, as coisas pareciam diferentes, como se ele precisasse provar o tempo todo que ainda merecia sua atenção. E a cada dia, o preço dessa atenção parecia mais alto. “Quando será que essa fase vai passar?”, pensou.
O peso das escolhas e a sombra de Almeida
A verdade é que Jorge ainda sentia o peso das escolhas financeiras que fizera no passado, movido pela necessidade de exibir sucesso. Comprara o carro dos sonhos, gastara em viagens e jantares caros. Queria impressionar Susane, mostrar que estava à altura dela. Mas a dívida veio, e ele se via tentando conciliar o que tinha com o que queria dar a ela. Era frustrante. O desejo de comprar aquele vestido que ela mencionara vagamente dias atrás ainda pulsava na sua mente. Ele sabia que ela adoraria, que a faria sorrir. Mas, por ora, precisava resistir. “Em breve”, prometia a si mesmo.
A lembrança de Almeida veio de repente, como um fantasma que pairava sempre por ali. Almeida, o amigo com quem ele havia começado uma pequena empresa anos antes, algo que poderia ter sido seu passaporte para a independência. Mas Jorge, na época, optou pela carreira executiva e saiu do negócio. “Decisão mais segura”, justificava a si mesmo. E então viu Almeida prosperar, encher-se de projetos e conquistas. Agora, mesmo sem querer admitir, Jorge nutria uma ponta de arrependimento e inveja. Em vez de ser o patrão, tornara-se empregado de uma grande corporação, enquanto Almeida aparecia nas redes sociais ao lado de outros empreendedores, ostentando o sucesso que ele havia deixado escapar.
Mas ele insistia: “Escolhas são escolhas, e preciso honrar a minha.” Era quase um mantra que se repetia em silêncio. Para ele, insistir no trabalho atual era uma forma de dar sentido a essa trajetória. “Vou fazer isso dar certo. Vou dar a volta por cima.”
Após o café, Jorge tomou as chaves do carro e se dirigiu à porta. Susane pegou a bolsa e o celular, sem se apressar. Assim que entraram no carro, ela colocou os fones de ouvido, como quem se desconecta de tudo ao redor. Jorge ficou em silêncio, dirigindo enquanto olhava rapidamente para ela, esperançoso de que talvez ela iniciasse alguma conversa. Mas Susane estava absorta na música, como se ele fosse apenas o motorista que a levava ao trabalho. Aquilo o incomodava, mas ele não sabia como colocar em palavras. Se ao menos ela pudesse ver o esforço que fazia, o quanto tudo isso era por eles…
Recebeu uma mensagem no celular enquanto esperava o sinal abrir. Era de sua mãe, perguntando se ele passaria para vê-la no fim de semana. Jorge suspirou, pensando em quantas semanas havia desde a última visita. Sentia-se culpado por deixar a família de lado, mas sua energia já era sugada pelo trabalho e pelo casamento, e a mãe, mesmo sem querer, acabava sendo relegada ao final da lista. Respondeu com um “talvez”, sem muita convicção, antes de colocar o telefone de lado.
Quando finalmente chegaram à joalheria da família de Susane, onde ela administrava a filial, ele saiu do carro e abriu a porta para ela, tentando mais uma vez agradá-la. Ela desceu sem olhar para ele, agradeceu com um aceno curto e entrou na loja. Jorge a observou desaparecer pelas portas de vidro e sentiu o vazio de estar cada vez mais distante da esposa.
Enquanto voltava para o carro, sua mente vagava novamente para a ideia de levá-la ao restaurante favorito deles. Mas ele precisaria esperar até as contas estarem em dia, até que pudesse fazer algo grandioso para compensar o tempo perdido. Só mais um pouco, prometeu-se. E então tudo voltaria a ser como era antes, no início, quando ela olhava para ele com admiração.
No caminho para o trabalho, sentia a cabeça pesada com as várias cobranças que martelavam. Pensou em Almeida outra vez, no amigo que se tornara um exemplo de sucesso. Mesmo que evitasse admitir, o sentimento de inveja o corroía lentamente. Talvez, se tivesse sido mais ousado, hoje estaria em uma posição parecida, sem a necessidade de economizar até para comprar um vestido para Susane. Mas ele não tinha escolha agora. A decisão já fora feita. Só lhe restava seguir em frente.
Ele chegou ao escritório e subiu as escadas com pressa, evitando cumprimentar os poucos colegas que encontrou no caminho. Na sua mente, reforçava o mantra de que estava fazendo o que era necessário. Não precisava ser fácil, não precisava ser imediato. Apenas precisava funcionar.
Capítulos
Páginas
Este novelete foi cuidadosamente elaborado para proporcionar uma leitura envolvente em uma tarde tranquila. Prepare uma xícara de chá ou café e mergulhe em uma experiência de autoconhecimento. A leitura estimada é de cerca de 2 horas, mas você pode sentir o desejo de pausar e refletir à medida que se conecta com a jornada de Susane e Jorge. Além disso, o livro apresenta o método “Resolução de Conflitos na Palma da Sua Mão” — 5 passos práticos que você poderá aplicar em sua própria vida!
Sobre o autor
Especialista em transformar histórias em ferramentas de autoconhecimento, Rafael Bauth é um autor dedicado a explorar os conflitos emocionais e as complexidades das relações humanas. Inspirado por uma profunda compreensão dos processos terapêuticos, com mais de 10.000 horas de escuta clínica, ele utiliza sua escrita para oferecer não apenas uma narrativa envolvente, mas também uma experiência reflexiva para os leitores. Com uma formação diversificada em psicologia e medicina chinesa, Rafael se dedica a criar personagens autênticos, baseados em seus atendimentos, que enfrentam dilemas reais e enfrentam suas próprias limitações em busca de transformação pessoal. Nessas histórias você encontrará reflexões e ferramentas práticas que poderá usar para seu próprio desenvolvimento pessoal.
Nas minhas noveletas, procuro trazer ferramentas práticas, inseridas em histórias que falam de perto ao coração. Espero que essas narrativas te convidem a olhar para dentro e a descobrir novas formas de se entender e de fortalecer o que você tem de melhor
Rafael Bauth