Rafael Bauth, Psicólogo

Minha trajetória une a busca pessoal por compreender a vida de maneira profunda com uma formação acadêmica sólida, sempre visando tornar o conhecimento prático e aplicável à nossa experiência cotidiana. Acredito que a chave para compreender os movimentos da mente e da vida está na capacidade de observar as mudanças, algo que encontro tanto na psicologia quanto na sabedoria oriental.

No estudo do I Ching, por exemplo, não buscamos compreender as “coisas” em si, porque elas estão em constante transformação. Em vez disso, estudamos a própria mudança. Essa perspectiva é essencial para entender a vida como um fluxo contínuo, onde o importante não é o que acontece, mas como lidamos com o movimento. No contexto da vida moderna, o livro de sabedoria I Ching nos ensina a navegar pelas incertezas, reconhecendo que a estabilidade não está em evitar mudanças, mas em desenvolver a capacidade de nos adaptarmos a elas com flexibilidade e clareza mental.

Essa forma de pensar encontra eco no Taoísmo (e outras escolas filosóficas), que nos ensina a observar a natureza para entender a nossa própria natureza interna. Assim como o ciclo das estações nos revela padrões, nossos processos internos também seguem seus próprios ritmos. Observar esses ciclos nos ajuda a lidar com as flutuações emocionais e os desafios da vida de maneira mais tranquila e consciente.

A meditação, para mim, é uma ferramenta fundamental nesse processo de compreensão. Ao mergulhar profundamente em nossa própria mente, ela nos ajuda a desenvolver autorregulação emocional – a habilidade de gerenciar nossas emoções de maneira equilibrada, sem sermos dominados por impulsos. É como entrar no código-fonte de um software: ao observarmos nossos pensamentos e reações, conseguimos identificar os “algoritmos” que governam nossas respostas emocionais. Isso nos dá clareza para agir com mais calma e sabedoria, mesmo em momentos de grande pressão.

Essa prática pessoal, no entanto, precisa estar ancorada em uma base teórica consistente, e foi isso que me levou a estudar Psicologia.

Avançando em minha formação, estudei Psicologia do Desenvolvimento, pois percebi que o foco da escuta clínica não deve estar nos problemas em si, mas no que é necessário desenvolver em termos de competências internas. Assim como na meditação desviamos o foco das distrações e pensamentos, no trabalho terapêutico desviamos o foco dos sintomas imediatos e direcionamos para o crescimento interno, para que o indivíduo possa lidar de maneira mais autônoma com suas dificuldades.

Estudar Psicoterapia Breve foi uma escolha para aprimorar minha capacidade de oferecer uma escuta mais direcionada e alinhada com as expectativas comuns na clínica atual. Muitas vezes, as pessoas buscam resoluções objetivas para conflitos específicos, e essa abordagem me permite ajudar de maneira prática e efetiva.

Optei por me especializar também em Psicologia Organizacional do Trabalho. Isso me permite apoiar os pacientes não só em suas questões internas, mas também no equilíbrio entre o pessoal e o profissional, um aspecto central no bem-estar de muitos.

Essa combinação de formação acadêmica e experiência pessoal me levou a criar o Inner Innovation, uma plataforma para favorecer experiências terapêuticas que integram essas duas dimensões: a sabedoria prática da psicologia com a profundidade das tradições orientais. O objetivo é ajudar as pessoas a desenvolverem uma compreensão mais clara e estruturada de si mesmas, navegando com maior consciência por seus dilemas e desafios.

A cada paciente, uma nova formação se revela. A escuta terapêutica é um privilégio raro, permitindo um mergulho nas vulnerabilidades, angústias e contradições de quem se abre diante de nós. Com mais de 10 mil horas de prática clínica, essa experiência me qualifica, pela perspectiva Zen, como um especialista no ofício de escutar a alma humana e ajudar a transformá-la.

Nessa formação, mergulhei nos pilares da Medicina Chinesa, que me ensinaram a importância de alinhar nossos hábitos de vida à nossa natureza interna. Pequenas mudanças em padrões de alimentação, sono, e atividade física podem ajustar profundamente nosso equilíbrio, promovendo a saúde mental necessária para o desenvolvimento pessoal. A Medicina Chinesa oferece um olhar único e individualizado, e me treinou para ser um bom investigador da vida de cada paciente, fugindo de fórmulas prontas e verdades universais. Em um mundo saturado de informações, ajudo pessoas a se reconectarem consigo mesmas e a não se perderem no excesso de estímulos que nos rodeiam.

A Psicologia do Desenvolvimento é o coração da minha prática. Ela permite explorar o desenvolvimento humano não apenas em seus aspectos emocionais e cognitivos, mas em como podemos cultivar habilidades para enfrentar desafios com resiliência e autoconhecimento. Em vez de focar na doença, essa abordagem amplia o processo terapêutico para fortalecer competências protetivas e promover uma visão construtiva da vida. Alinhada à visão transdiagnóstica e à Terapia Cognitivo Comportamental, minha prática se concentra no desenvolvimento de habilidades transversais, focando no crescimento e adaptação do paciente ao invés de sintomas isolados. Essa abordagem integral encontra ressonância também na Medicina Tradicional Chinesa, que observa o ser humano como um todo e busca fortalecer recursos internos, promovendo equilíbrio e saúde.

Muitas pessoas hesitam em iniciar a psicoterapia, imaginando-a como um processo longo. No entanto, ao mergulhar nessa experiência, descobrem que os benefícios podem surgir rapidamente, e o valor do autoconhecimento se torna evidente e profundamente recompensador.

Minha prática alia diversas perspectivas para acessar a mente a partir, também, de uma perspectiva psicodinâmica, entendendo-a como um organismo em constante movimento, onde múltiplas partes se comunicam e, muitas vezes, se confrontam. Essa visão se aproxima da neurociência, que também vê o cérebro como um sistema multifacetado e interconectado, onde diferentes regiões trabalham em cooperação para influenciar nossos pensamentos e emoções.

Na clínica, noto que as três questões mais comuns que levam as pessoas à terapia são os relacionamentos amorosos, as questões profissionais e, em terceiro, o autoconhecimento. A terapia permite explorar esses três temas simultaneamente — e muitos outros. Minha experiência clínica e formação conferiram uma sensibilidade especial para trabalhar com relacionamentos e uma base sólida no autoconhecimento, fortalecida por minha prática de meditação.

Ao atender diversos profissionais, percebi a importância de apoiar meus pacientes a navegar nas complexas dinâmicas do ambiente de trabalho. Desafios como liderança, relações de poder e a pressão constante são questões recorrentes que afetam a saúde mental e o bem-estar. Por isso, especializei-me em Psicologia Organizacional do Trabalho para oferecer um suporte mais específico aos que enfrentam dificuldades nesse contexto.

Nessas situações, a psicoterapia vai além do alívio dos sintomas ou do simples desabafo. Trabalha na ressignificação da relação que o paciente tem com o trabalho, com as fontes de pressão e os sistemas de relações aos quais está sujeito. Esse processo traz clareza e estratégias práticas para lidar com uma esfera tão importante para a saúde e a realização pessoal.